“A melhor atividade para tratar esse assunto com as crianças é a partir da literatura…Explorar a leitura de histórias que possam proporcionar essa reflexão”.
Fabiane Martins, professora do Ensino Fundamental
Vinte de novembro é o Dia da Consciência Negra no Brasil. De tão importante, o tema pode ser trabalhado nas escolas ao longo do mês.
Nosso ponto de partida é conhecer melhor a data, que é celebrada no dia da morte de Zumbi dos Palmares, que ocorreu em 20 de novembro de 1695. Zumbi foi um dos grandes líderes quilombolas do país e teve um papel fundamental na luta e na resistência contra o sistema escravagista da época.
Esse dia foi estabelecido em 2003 e passou a fazer parte do calendário escolar nesse mesmo ano – pouco antes da resolução que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, em 2004.
Com base nessas resoluções, tornou-se obrigatório o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira nas etapas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio – e temas como “o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional” passaram a integrar os currículos das escolas brasileiras, “resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.” (Lei 10.639. Art.26-A/ Sae Digital)
Em 2011, a Lei 12.519 instituiu oficialmente essa data como o Dia da Consciência Negra, tornando-se um chamamento para a reflexão do passado, do presente e a construção de ações afirmativas para o futuro.
As leis que tornam obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira também são referenciadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Por tudo isso, 20 de novembro virou um marco nacional na luta contra o racismo e a desigualdade racial.
Mas quais são as melhores atividades para fazer em sala de aula sobre esse assunto?
Preparamos algumas dicas para inspirar professores e professoras.
O ideal é que as propostas para abordar a data sejam trabalhadas de forma interdisciplinar.
Literatura
Para a professora Fabiane Martins, a literatura pode ser a porta de entrada para abordar o tema.
“Para mim, a melhor atividade para tratar esse assunto com as crianças é a partir da literatura. O livro é o disparador. A dica é explorar a leitura de histórias que possam proporcionar essa reflexão. Por meio do lúdico, o assunto flui com leveza e muitas questões são levantadas pelos próprios alunos ao longo da leitura”, opina a educadora.
São sugestões da editora Colli Books os títulos “E se fosse você?”, de Anete Lacerda; “Berta e Nina”, de Isa Colli; e Notas de Escurecimento”, de Plinio Camillo.
Com linguagem instigante, ”Notas de Escurecimento”, apresenta nove contos de “escrevivência”, que convidam a um mergulho no universo da cultura negra.
“Berta e Nina” conta a história de amizade entre uma criança negra e uma boneca. Uma fábula que fala de cuidados, respeito, cumplicidade e muito amor.
Já o livro “E se fosse você?” aborda o preconceito de maneira delicada e emocionante. Para a autora Anete Lacerda, a personagem Lili saltou das páginas do livro e foi abraçar pessoas reais, com problemas comuns, cheias de dores e marcas provocadas pelo racismo e o bulliyng. Ecoa no coração daqueles que já sofreram, em alguma fase da vida, algum tipo de discriminação por sua cor de pele, condição social, credo religioso, deficiência ou outra diferença qualquer que as afastou do padrão que se julga ideal.
Língua Portuguesa
Na língua portuguesa, a sugestão é propor aos alunos a produção de textos sobre a questão racial. A professora pode pedir que a turma pesquise artigos sobre o tema para embasar os trabalhos.
Artes
Os estudantes podem ser divididos em grupos para que pesquisem expressões artísticas atuais, como o rap e o hip-Hop. Depois, cada grupo faz uma apresentação para os colegas. É uma forma divertida de aprender.
Para os alunos menores, uma sugestões é confeccionar objetos da cultura negra, como máscaras, cerâmicas e bijuterias.
Geografia
Outra ideia é abordar o assunto nas aulas de geografia, falando sobre o continente africano e suas particularidades, as migrações humanas, a miscigenação, além de aspectos demográficos e sociais da população brasileira.
História
Em história, uma possibilidade é fazer uma sessão de cinema com algum filme ou documentário que aborde o período da escravidão, o surgimento das comunidades quilombolas, o contexto da abolição da escravatura, etc.
Dica: documentário “A Última Abolição”, com roteiro da jornalista Luciana Barreto. O filme faz uma pesquisa abrangente desde os primeiros movimentos abolicionistas no século XVIII até as recentes políticas de ações afirmativas.
Trailer:
https://globofilmes.globo.com/filme/a-ultima-abolicao/
Educação Infantil
A dica é apresentar aos pequenos músicas, danças, jogos, brincadeiras e atividades de origem africana, como a capoeira.
Por fim, vale lembrar que a Consciência Negra deve ser trabalhada não somente em novembro, mas durante todo o ano escolar.
Crédito da foto em destaque: Prefeitura Municipal de Tenente Portela